CRIADAS PARA TODO O SERVIÇO

Goldoni acostumara o público veneziano a um divertimento teatral durante o Carnaval. Oferece-lhe assim mais uma comédia que é bem mais que um simples divertimento. Era tradição na Veneza do século XVIII dar um dia de folga aos empregados domésticos para que gozassem em liberdade esta inversão da ordem estabelecida. E os amos divertiam-se simultaneamente em bela convivência. Aproveitando essa liberdade os criados vestem-se como os amos não só por envergarem o guarda-roupa que subtraíram à sua vigilância, mas porque lhes imitava os comportamentos.

Numa manhã fria e nevoenta do Inverno de 1755 em pleno Carnaval, Momolo jovem aprendiz de padeiro acorda as cozinheiras despertando-as para o trabalho, para em contrapartida beneficiar também dos serviços do jovem padeiro. Todos se preparam para o Carnaval, disputando parceiros e perspectivas de divertimento, fortuna e prazer. E o grande comércio com a troca de favores, inicia-se num mercado onde tudo acaba por ser moeda de troca, onde tudo se pode vender ou comprar.

Os patrões por seu lado mobilizam os favores e a cumplicidade dos criados para os colocar ao serviço dos seus amores inconfessáveis, os seus pequenos vícios, as suas pequenas necessidades materiais, que podem ir desde um anel valioso a um empréstimo de dinheiro para o jogo ou um simples prato de sopa.

No carnaval forças estranhas são postas em jogo libertando impulsos recalcados e instintos que não são tão visíveis noutras alturas.

A vida privada vai-se tornando pública, o espaço privado vai-se alargando até se tornar a praça onde todas as nossas misérias e segredos se denunciam, como se o carnaval e a sua inversão da ordem nos julgassem e nos punisse.

E Goldono, que não perdoa as nossas fraquezas, acaba por nos aceitar com um imenso coração magnânimo, com uma infinita benevolência, com uma inequívoca paixão pela vida e suas surpresas.

 

Ficha Artística e Técnica
Autor: Carlo Goldoni | Tradução: José Colaço Barreiros | Encenação e Dramaturgia: José Peixoto | Interpretação: Silvia Filipe, Jorge Silva, Elsa Valentim, Diana Costa e Silva, Ângela Ribeiro, David Pereira Bastos, Patrícia André, Leonor Cabral, Luís Barros, Carlos Queirós, Ricardo Alves, Tiago Mateus e Carla Carreiro Mendes |Cenografia: Acácio Carvalho | Figurinos: Manuela Bronze | Fotografia: Margarida Dias | Guarda-Roupa: Maria Gonzaga | Banda Sonora: Rui Rebelo | Desenho de Luz: Carlos Gonçalves | Coreografia: Kot Kotecki | Assistência de Encenação: Carla Carreiro Mendes | Operação de Luz e Som: Ana Montez | Locução e Criação de Spot Rádio: Miguel Peixoto | Estruturas de ferro e alumínio: Joaquim Pereira – Serralheria Avintense Lda | Execução de Cenário: Oficinas CENDREV |  Produção: Gislaine Tadwald, Marlene Charneca e Joana Esteves | Produção: Teatro dos Aloés | M/12

Estreia
1 de março de 2007 no Teatro Garcia de Resende

Locais de apresentação
Teatro Garcia de Resende, Teatro da Politécnica, Recreios da Amadora

A CHARRUA E AS ESTRELAS

A Charrua e as Estrelas relata o Levantamento da Páscoa de 1916, liderado por Pádraic Pearse (Comandante dos Irish Volunteers) e James Connolly (Comandante do Irish Citizen Army), e que redundou numa revolta falhada. No total, não participaram no Levantamento contra a ocupação britânica mais de 2.000 homens. Esta tomada de posição, heroica mas insensata, marcada pela indecisão, falta de comunicações, falta de poder de fogo e falta de apoio geral, foi facilmente esmagada pelas forças britânicas no espaço de uma semana. Pearse, Connolly e treze outros líderes foram sumariamente executados. Estas execuções marcaram a alteração do clima político na Irlanda e precipitaram a guerra de guerrilha pela independência, que conduziu à assinatura do Tratado entre a Bretanha e a Irlanda, em 1921, e ao estabelecimento de um Estado livre no Sul.

Ficha Artística e Técnica
Autor: Sean O’Casey | Tradução: Helena Barbas | Encenação: Bernard Sobel | Dramaturgia: Michèle Raoul-Davis | Interpretação: Alberto Quaresma, Bruno Martins, Catarina Ascensão, Catarina Guimarães, Cecília Laranjeira, Elsa Valentim, Francisco Costa, Jorge Silva, Luis Ramos, Maria Frade, Mário Jacques, Miguel Martins, Pedro Walter, Teresa Mónica, Tiago Barbosa | Cenografia: Jacqueline Bosson | Figurinos: Mina Lee | Som: Jean-Michel Nèdellse | Luz: Jean-François Besnard | Produção: Teatro dos Aloés | M/12

Estreia
17 de julho de 2007 no Festival de Almada

Locais de apresentação
 Festival Almada, Teatro Municipal de Almada

OS DIAS ARRASTAM-SE E AS NOITES TAMBÉM

Um homem em busca de serenidade desembarca no apartamento de um casal à beira da rutura. Deus? Um estranho? Um estrangeiro? Um desconhecido?

Terá ele a função de desencadear o confronto latente e revelar aos outros os seus destinos ou é a personagem envolvida na trama dos acontecimentos não saindo dela ileso? Um confronto de pessoas ou um confronto de culturas? A Europa não está preparada para assimilar África e por isso a estranha personagem permanece “O Desconhecido?” Ou o estranho desconhecido rejeita a Europa que não o compreende e continua a olhar para ele com estranheza? Um abismo entre a declaração de intenções e os fatos? Dois mundos que se ignoram? O absurdo marcou encontro com o humor, mas depois desse encontro nada será como dantes.


Ficha Artística e Técnica
Autor: Léandre-Alain Baker | Tradução: Mário Jacques | Encenação: José Peixoto | Interpretação: Daniel Martinho, Elsa Valentim e Jorge Silva | Desenho de Luz: Mário Pereira | Cenário e Figurinos: Teatro dos Aloés | Música: Rui Rebelo | Fotografia: João Rodrigues | Produção Executiva: Elsa Valentim e Gislaine Tadwald | Produção: Teatro dos Aloés | M/16

Estreia
7 de novembro de 2007 nos Recreios da Amadora

Locais de apresentação
Recreios da Amadora, Teatro Municipal de Almada, Teatro Taborda, Teatro da Trindade, Teatro Cine de Torres Vedras, Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha, Festa de Teatro de Setúbal, Festival de Teatro da Covilhã.